Estava em um supermercado com os meus três filhos, eram ainda pequenos, 06, 08 e 10 anos, era época de Natal, estava lotado, fazia as últimas compras para a ceia de Natal, a família e alguns amigos se encontrariam na casa de uma das minhas irmãs, eu fiquei encarregada de levar um Chester assado e uma sobremesa.
Enquanto esperava na fila do caixa, meus filhos brincavam calmamente com as lembrancinhas que compramos para levar para o bingo.
A gente gosta de fazer bingo para animar a festa, a premiação são lembrancinhas que cada um leva, coloca na mesa, quem fizer bingo inicialmente tem o direito de escolher primeiro e aí sucessivamente.
Tem sempre alguns engraçadinhos que participam do bingo e não levam presentes e acaba dando confusão ao final e ainda tem aqueles que querem o presente que o outro ganhou, isso acontece principalmente com as crianças.
Acredito que todas estas confusões que há por mal comportamento dos adultos em sua maioria é causado por uma educação deficitária na infância e reproduzem isto na educação dos próprios filhos.
Há muita permissividade, os pais não estão sabendo equilibrar entre o dizer não pode e permitir tudo!
Os pais não têm tempo para os filhos e muitos não contam com uma rede de apoio, como os avós. E o tempo que tem são tantas distrações que é mais fácil ignorar e deixar que os próprios filhos tomem as decisões pela sua cabeça.
Nós sabemos que os seres humanos se não forem ensinados, vivem segundo o seu extinto, e qual é o seu extinto? A sobrevivência com o menor esforço possível, então estas crianças e adolescentes que são criados seguindo os seus extintos acabam ficando egoístas, porque pensam: O meu em primeiro lugar! Não pensam no próximo!
Muitos ficam preguiçosos, pois se tiver alguém para fazer por eles, por que irão se esforçar? Isso explica aquele quarto bagunçado, aparência desleixada, aquela casa que o adolescente passa o dia e não lava uma louça, e quando a mãe chega do trabalho fica pirada com tanta bagunça! Mas prefere lavar tudo do que se chatear com alguém que vai dizer não para ela, porque esta mãe não quis dizer não quando este adolescente era criança.
Eu converso muito com os meus filhos, toda regra a ser seguida tinha uma explicação, não era uma ditadora que determinava e pronto, mas eles sabiam por que tinham que fazer e ser daquele determinado jeito.
Ainda pensando em tudo isso, um barulho me chamou a atenção, uma criança deitada no corredor do supermercado, esperneando e gritando porque queria levar para casa um carrinho, que devia ser caro.
A mãe dizia:
— Meu filho, a mamãe não tem dinheiro.
— Eu quero! Você tem sim!
A mãe morta de vergonha tentava solucionar aquela situação constrangedora, em que os olhares todos estavam sobre eles. Para apaziguar a situação, a mãe “mentiu” para o filho.
— Este está feio, vou comprar outro para você na outra loja que é muito mais bonito, grande e azul, da sua cor preferida! Muito mais bonito que este.
O menino por um momento, parou de chorar, olhou para a mãe e perguntou:
—Azul mamãe?
— Sim, azul brilhante!
A mãe largou as compras para trás e saiu com a criança do supermercado.
A minha filha de 10 anos falou:
— Mãe, acho que ele não merecia ganhar presente depois desta “feiúra” que ele aprontou, você viu que a mãe dele não levou as compras do carrinho?
— Acho que a mãe dele ainda precisa encontrar uma forma de resolver esta situação.
Eu senti solidária com esta mãe e pensei, como eu posso ajudar? Ela está perdida e o filho não tem culpa de sua mãe não o ajudar a crescer de forma saudável.
Tive um insight: Vou compartilhar minhas experiências nas redes sociais, buscar psicólogas, profissionais de educação como eu, outras mães para entrevistar e levar o assunto a muitas pessoas que precisam de ajuda.
Se os pais soubessem da responsabilidade que é educar uma criança, seria o exemplo daquilo que esperam dos filhos, pois os filhos são como o barro nas mãos do oleiro.
Nena Fonseca
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