Álvaro é um rapaz de 17 anos, faz ensino médio em uma Escola Pública de Brasília.
Ele mora só com a mãe que é empregada doméstica, e faz tudo para que o filho conclua os estudos.
Álvaro teve uma lembrança de criança que sempre voltava em sua mente: Sua mãe estava fritando ovos, ele se aproximou dela e foi mostrar um desenho que havia feito.
—Que coisa mais linda! Meu filho vai ser um artista! —De repente um chiado na panela lhe chamou a atenção.
— Valha meu Deus! O ovo do Francisco ficou com a gema dura e eu já fritei todos!
O pai brigou com sua mãe, por causa do ovo, ele começou a quebrar pratos, virou a mesa, o pai era alcoólatra, e este dia tinha ultrapassado todos os limites.
O pai saiu da casa e foi para um bar, estava nervoso e para encontrar outro valentão não demorou nada, se envolveu em uma briga e acabou morto esfaqueado, o bandido nunca foi preso, mas todos da comunidade sabiam quem foi, inclusive Álvaro, a mãe ficava muito apreensiva, com medo do filho buscar vingança e acabar perdendo-o também.
O garoto cresceu com o sentimento de culpa: “Se eu não tivesse conversado com a minha mãe ela não deixaria a gema dos ovos do meu pai duras...”
Álvaro estudava pela manhã, saia no horário do almoço, comia sua marmita, à tarde fazia aulas de informática e inglês, já começou a pegar alguns trabalhos de digitação, organização de arquivos de pequenas empresas e de escritórios.
— Meu filho, eu fiquei sabendo que está rolando drogas na sua escola, nem pense em se envolver com estes rapazes, mas também não arruma confusão com eles!
Dona Mirtes é uma cristã temente a Deus, mulher de oração que ensinou o filho desde pequeno a orar e buscar a Deus.
— Eu sei mãe, eu estou tranquilo, não quero me meter com estes caras.
Álvaro tem uma namorada, ela é da mesma escola, e faz o terceiro ano do Ensino médio ela é uma ano mais velha do que ele.
Eles estavam no intervalo, abraçados e conversando e um rapaz se aproximou e falou baixinho:
—E aí querem comprar uma trouxinha para vocês se divertirem?
—Não amigo, a gente não curte estas paradas.
— Está amarelando, com medinho de que? A Sua gata vai ficar soltinha para você, leva e experimenta com ela.
Marília falou ao ouvido de Álvaro:
—Vamos, experimentar, só uma vez, a minha mãe vai sair este final de semana com meus irmãos, vão visitar a minha avó, eu dou uma desculpa e não vou, assim a casa vai ficar só para nós dois, e quem sabe eu crio coragem para algo mais...
Neste momento ele ficou super tentado, fazer algo que deixaria sua namorada mais receptiva seria bem legal, sentia desejo como qualquer adolescente, mas decidiu esperar o momento certo, tinha medo de precipitar as coisas, sabia que o relacionamento sexual poderia gerar filhos, claro que há muitos métodos contraceptivos, mas se fosse infalível, não teria tantos casos de gravidez indesejada ou abortos clandestinos.
Um filho em um momento em que eles não haviam se organizado na vida, não era o futuro que ele queria para si, além do mais a voz do professor de Biologia ecoava em sua mente:
“Todas as drogas, até mesmo a maconha, podem afetar o cérebro e os padrões de comportamento, resultando em uma reação em cadeia de consequências negativas em praticamente todos os aspectos da vida. Nunca experimente! Diga sempre não!”
Álvaro pegou a mão de sua namorada, disse para o traficante:
— Eu sou careta, não curto estas coisas, vou passar. Obrigado. — Saiu dali levando a sua namorada pela mão, depois iria conversar com ela sobre tudo que ele pensava sobre drogas e agir por impulsividade.
O seu pai foi um péssimo exemplo de agir sem pensar, no caso dele a raiva o dominou, e ele quase foi dominado pelo desejo.
Esta é uma história de ficção baseada em fatos reais.
Nena Fonseca
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