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Foto do escritornenadafonseca

O Covid mudou a minha vida


Nunca pensei que passaria uma situação tão difícil em minha vida, um sentimento de impotência tomou conta de mim, somente a fé em Deus me fez suportar e acreditar que tudo isso iria passar.

O ano de 2020 foi uma grande prova, eu tive Covid no início do ano, mas com sintomas leves, eu fui apenas um dos milhares de casos no Brasil e no mundo, este vírus trouxe muitas mortes e sequelas que deixaram o mundo perplexo.

Em dezembro os meus pais também começaram a demonstrar os sintomas, eu e a minha família nos preocupamos porque eles fazem parte do grupo de riscos devido a idade, além disso, a minha mãe é hipertensa e meu pai tem cardiopatia.

Eu e a minha irmã dormíamos no quarto deles, cuidando e monitorando-os a todo momento, sei que era muito arriscado para nós, tomávamos todos os cuidados, usando máscara, álcool e higienizando tudo.

Mas a minha mãe necessitou ser internada, na tarde de 12 de dezembro, ela estava com muita tosse, precisando de oxigênio, foi muito desesperador! Não havia leito nos hospitais e teve que ficar na enfermaria sentada em uma cadeira.

Vocês podem imaginar a situação? A pessoa já está sofrendo, não tem como repousar, os pacientes ao redor que não estão nada pacientes, reclamam, pedem o que precisam insistentemente, sofrem por não serem atendidos.

Agora analisando por outro lado, os profissionais de saúde estavam no pelotão de frente nesta guerra, sem as “munições” necessárias para combater esta doença desconhecida sem condições de atender a todos, acabando por “escolher” aqueles que vivem ou morrem.

Claro que não ficamos de braços cruzados, fomos buscar ajuda onde pudemos alcançar, através de pessoas com influências e importância na sociedade que meus irmãos conheciam.

Nesta situação nada fácil, o meu pai piorou e no mesmo dia, de madrugada ele também foi internado, mas infelizmente o quadro dele era mais grave, mesmo assim ele e minha mãe ficaram sentados na enfermaria por dois dias, depois que conseguimos vaga, minha mãe conseguiu um leito e o meu pai ficou entubado, passou por uma intervenção cirúrgica que consistiu na abertura de um orifício na traqueia e na colocação de uma cânula para a passagem de ar, traqueotomia.

Tudo isso não podia ter acontecido em uma época pior, sou fotógrafa e já havia agendado vários ensaios fotográficos com datas que não podiam ser canceladas, imagine como é a correria de fim de ano!

A minha família acompanhava todo o histórico médico e eu trabalhando, meu pensamento estava neles o tempo todo, a minha aflição foi verbalizada de forma impaciente com os meus clientes, sei que as pessoas não tinham culpa de meu turbilhão interior, mas foi inevitável!

Para completar o ar-condicionado do quarto que a minha mãe estava internada, deu um problema e começou a pegar fogo! Isso mesmo, a coitadinha com dificuldade de respirar devido a tanta tosse, ainda respirou fumaça!

Não conseguia pedir ajuda porque estava sem voz, sussurrava desesperadamente! Graças a Deus uma paciente do outro lado, viu a aflição da minha mãe e chamou ajuda.

Aos poucos a minha mãe foi melhorando, percebi quando ela pediu comida! Isso é um bom sinal, o apetite dela é excelente!

A nossa preocupação maior era com o meu pai que estava entubado.

A minha mãe teve alta no dia 24 de dezembro, véspera de Natal, eu e a minha irmã preparamos uma ceia linda, fizemos tudo com capricho e amor para celebrar a vida, esta grande vitória!

Ainda estávamos apreensivos porque o meu pai continuava internado, mas a fé e a confiança que tínhamos eram maior que o medo e a ansiedade. Acreditamos que o Senhor nos deu de volta a nossa mãe, também Ele trará o nosso pai.

O sentimento de gratidão foi tão grande que a minha mãe disse que foi a melhor ceia de Natal da vida dela! Sei que o amor das filhas estava transbordando em cada detalhe.

Continuei confiante que o meu pai voltaria para nós e minhas expectativas não foram frustradas, no dia 08 de fevereiro de 2021 ele voltou para casa, depois de mais de dois meses lutando entre a vida e a morte, agradeço a Deus que a vida venceu!

Ainda tinha uma jornada a seguir, ele voltou para casa ainda debilitado, com 23 quilos mais magro, músculos sem se exercitar e foi necessário ser carregado para a nossa casa que fica em um andar superior, mas não faltou amor, carinho e gratidão.

Na vida tudo passa, os bons e maus momentos, mas uma coisa eu aprendi: O valor da vida!

Graças a Deus os meus pais hoje estão bem, com alguns problemas decorrentes da Covid, minha mãe tem uns sangramentos pelo nariz e meu pai sente dores nos ossos, mas felizes e cheios de vida!

Este ano a minha mãe fez 60 anos e resolveu fazer uma festa! Algo que não era de seu costume, nos juntamos e preparamos uma festa maravilhosa! Agora tudo é motivo para celebrar!

História contada por Tatiane Ramalho e escrita por Nena Fonseca


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